terça-feira, 24 de setembro de 2013

Viajando sozinho, com amigos ou com parceiro

Muita gente sempre me perguntou como é que eu viajei sozinha pelo mundo se não tinha medo, se acabo conhecendo pessoas e milhões de outras coisas.

A verdade é que mesmo quando viajei sozinha, sempre acabei fazendo novas amizades, algumas dessas espero durar pela vida toda. Outras foram ótimas companhias durante aquele período do passeio.

Este é um post super pessoal, onde vou apresentar para vocês minhas companhias de viagem, incluindo meu marido e meus amigos.

Muita gente vê a estádia em albergue/hostel como um lugar para se fazer festa, beber um monte, ficar com um estrangeiro, entre outras coisas. Eu nunca em 10 anos de mochilões tive essa percepção desse modo sempre que possível tentei a todo custa evitar esses albergues-festas, já que não faz meu estilo. Você não precisa fazer festa para conhecer pessoas legais.

Quando você está viajando sozinho, você normalmente se abre mais para novas amizades. Você vai tomar café da manhã no albergue e acaba conhecendo outros viajantes, pois ali já rola uma conversa que começa com um cordial bom dia. Ser educado já é um grande primeiro passo. Em outros casos você acaba conhecendo as pessoas ali no quarto mesmo, onde todo mundo quer saber de onde o outro é, há quanto tempo está viajando, se já foi em determinado lugar e assim por diante. Dividir mapas, dicas e guias também é um bom passo para fazer novas amizades.

Enquanto no quarto, se você ver seu novo amigo quieto, lendo um livro ou tentando descansar, respeite o espaço dele. E se a pessoa te convidar para algum passeio, vá pois você pode acabar tendo uma experiência que não teria se não tivesse feito o novo amigo. Obviamente seu companheiro de quarto pode rapidamente se transformar no seu inimigo caso seja barulhento e não respeite os outros. Daí pode dar até confusão. No fim das contas se você está viajando sozinho e se encher daquelas pessoas que inicialmente pareciam ser super legais nada te impede de seguir um caminho diferente, e esse é o o beneficio de estar viajando sozinho, você pode fazer o que bem entende.

Muitas vezes eu fiz viagens de um dia ou passeios com pessoas que conheci nos albergues. As vezes você mantém contato e as vezes não, talvez o fator determinante aqui seja afinidade.


Com a Nancy em Times Square
Recentemente fui com meu marido a Nova York, onde revi uma amiga que eu havia conhecido em um ônibus no Camboja em 2011, a Nancy. Engraçado que a conheci em uma situação inusitada, estava saindo de Siem Reap, em algum ponto daquele trajeto até a rodoviária perdi meu brinco, e nossa perder brinco me deixa de mal humor. Ela tinha acabado de sentar ao meu lado no ônibus e eu estava olhando o chão. Claro que não achei mais o tal do brinco mas fiz uma grande amiga. Em 4 horas de jornada demos risada, conversamos sobre os mais variados tópicos, e quando chegamos em Phnom Penh como não tínhamos reserva em albergue nenhum, resolvemos dividir um quarto em albergue simples que achamos. Passamos 3 dias por ali até que eu segui viagem para o Vietnã, onde ela já havia estado e de Phnom Penh ela voaria para os Estados Unidos. Mantivemos contato, 1 ano depois ela estaria no Japão na mesma época que eu tinha comprado minhas passagens para lá, combinamos de nos encontrar mas no fim, por falta de grana, não pude viajar e perdi as passagens. Ainda tentamos outros planos de viagem incluindo Estados Unidos, já que ela era da Califórnia, mas não foi até ela conseguir um emprego em Nova York, e a chegada dos meus 30 anos que finalmente nos encontramos de novo em 2013.


Com a Wei em Pamukkale
Outra grande amizade que eu fiz foi a Wei, uma menina da Malásia que morava em Cingapura. Conheci a Wei quando chegava a Goreme, na Capadócia, Turquia em Outubro de 2010. Tinha feito uma viagem em um ônibus noturno onde sentei ao lado de uma canadense, conversamos bastante e ela me perguntou se eu tinha reserva em algum lugar, e eu disse que sim. Assim que chegamos a cidade fomos para o meu albergue. Ela inicialmente não gostou muito e acabou indo embora (mas voltou e se hospedou lá). Como cheguei cansada e com fome, perguntei se eu podia tomar o café da manhã que o albergue/hotel servia e parecia uma delícia (ovo, tomate, pepino, bolo, chá, pão..) e na mesa estava sentada a Wei. Conversamos bastante e ela disse que estava planejando ir embora naquele dia, mas já que eu e a canadense havíamos chegado, ela ia ficar mais. No fim a Wei ficou mais 4 dias, fizemos vários passeios eu, ela e canadense, e depois seguimos juntas para Pamukkale, em um ônibus noturno. Conseguímos poltronas para sentar juntas, mas não é que no meio da noite acordei com uma gritaria, o ônibus havia parado em uma rodoviária, a Wei desceu, e o ônibus estava partindo e deixando um monte de passageiros para trás inclusive a comissária de bordo. Tirando o susto, demos muita risada. Pamukkale em si não foi legal, mas fiz uma grande amiga. No fim daquela viagem ainda encontraria a Wei em Londres uns 2 meses depois, e fomos ao meu restaurante Chinês favorito. Exatos 8 meses depois do nosso primeiro encontro, segui para um mochilão pela Ásia, e me hospedei na casa da Wei em Cingapura 2 vezes - no começo e no fim da viagem. Lá ela me mostrou um pouco da vida na cidade e algumas comidas tradicionais. Mantemos contato frequentemente, e estamos sempre planejando alguma nova viagem.

Minhas outras companhias de viagem são Crystal, minha amiga australiana, e Kleiber, meu amigo brasileiro. Em ambos os casos nos conhecemos em Londres há quase 10 anos atrás, dividimos casa, quarto, trabalhamos nos mesmos lugares, e além das muitas histórias também viajamos juntos. Viajar com amigo não quer dizer que você não pode fazer amizades com outras pessoas, em alguns casos, você faz amizades e fica até mais fácil organizar tour para outras localidades, sair para jantar e etc.


Com a Crystal no Cairo
Minha primeira viagem com a Crystal foi para a Croácia, onde nos divertimos muito, e aprendi que uma viagem pode destruir amizades, porém com um pouco de flexibilidade tudo se resolve. O mais importante de viajar com os amigos é saber respeitar o tempo e o espaço deles. Nem todo mundo quer fazer a mesma coisa, e é importante ter intimidade para dizer para o outro "vai lá e eu vou ficar por aqui" e sem ficar ofendido ou bravo. Nós ainda fomos fazer um mochilão super maluco pelo Egito, Israel e Jordânia, e conhecemos uma garota alemã no Egito que seguiu viagem com a gente. Em certos lugares, um tem de segurar a barra do outro, pois você acaba passando cada aperto, e nessa viagem apertos não faltaram.


Com o Kleiber em Edimburgo
Já com o Kleiber fiz uma viagem maluca de Megabus pela Inglaterra e Escócia em 2006. Entrei meio de último minuto na viagem dele, sem nada organizado. Depois fizemos uma viagem pelo Peru e Bolívia em 2012, dessa vez bem mais organizado. E a essa altura por ambos sermos "mochileiros profissionais", foi bem bacana. Mas confesso que se ele não estivesse comigo no tour de 3 dias pelo Salar do Uyuni na Bolívia, acho que a experiência teria sido super negativa, já que o resto do tour incluía um canadense legalzinho e três israelenses super grosseiros. Hoje o Kleiber está de volta ao Brasil e trabalhando com turismo. Conheça o trabalho dele aqui. (amigo é isso, você até perdoa ele sair na sua foto com camisa de timeco) :)

Em ambos os casos, dividir um sonho com uma amiga/o foi fantástico. É aquele momento que você chega em Machu Picchu ou na frente das Pirâmides do Egito, e pensa "quanto tempo sonhamos em vir aqui, e finalmente conseguimos".

Com o Chris na Indonésia
E agora? Bom agora muito mudou na minha vida, e estou casada. Viajar com o parceiro é um pouco diferente, já que você foca em passeios de casal, em nenhum caso ficamos em quarto dormitório de albergue, então você acaba não conhecendo muita gente. É engraçado que quando conheci meu marido, o Chris, ele nunca havia viajado para o exterior. Ele é Australiano e sempre viveu por lá. Desde então fomos para a Indonésia, Brasil e Estados Unidos juntos. Hoje gosto muito dessa nova fase, de viajar a dois, e ainda aqui você precisa ter a flexibilidade de entender que a sua cara metade também pode querer fazer um passeio diferente do seu, e é super legal dividir uma experiência com seu parceiro.



No fim das contas o destino pode ser fantástico, mas se você tiver uma companhia bacana você terá uma experiência ainda melhor.

E você tem alguma história sobre viajar sozinho ou acompanhado? 

2 comentários:

  1. Muito legal mesmo Cla....vc escreve mto bem e te admiro muito!!! Bjus da sua amiga Kelly

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